Artista de mim

saudade de falar de arte.
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tá... vida e arte se confundem, e a segunda sem a primeira não se explica. uma obra sem o viver do artista, a matéria sem a memória, não tem a menor graça.
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que seria dos quadros do Van Gogh sem a violência e a paixão que o acometiam? como explicar os trabalhos de Arthur Bisbo do Rosário (aqui quem foi - aqui obras) sem saber de onde vinham os fios e onde foram feitas suas tramas? vou mais longe! a poesia de Cazuza não seria a mesma se ele coubesse em si e se ajustasse à sociedade que tanto criticava.

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está aí... o artista não cabe em si (adoro essa frase!). sua obra, seja qual for, é a extensão do que lhe falta, é a extensão do que lhe sobra. o que ele produz é o transbordo do seu eu. é o que ele é fora de sua anatomia humana. é o que acha, o que vale, o que precisa.

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...é como um filho. você fez, mas é independente. tudo seu está ali, mas não é completamente como você queria. ouvi uma vez uma professora dizer anos atrás que o trabalho artístico, num certo ponto, "se faz sozinho". e é verdade. a argila pode rachar, a tinta pode escorrer, na fotografia podem acontecer surpresas, a matéria pode mudar de cor, textura, densidade. na hora de pendurar a instalação, ela pode 'não querer' ficar suspensa...

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tudo bem. os mais céticos estarão pensando:"arte não é só paixão, é muita técnica, pesquisa e trabalho". sim, é isso sim! imagina... é uma técnica apaixonada, uma pesquisa apaixonada e um trabalho... de casamento disso tudo rss.

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acho que é por isso que sou artista de mim. tem de si ser artista de sua própria vida.

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Silveira, Regina. The Saint's Paradox , 1994 tinta industrial sobre parede e piso 96m² Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo Reprodução fotográfica Lila Schwair.

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(adoro como a Regina brinca com suas "sombras" pintadas ou plotadas que ela espalha pelas paredes das gelerias do mundo).

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